A investigação é uma ideia estruturante do trabalho da CMT. Está intimamente ligada ao facto de a criação ser a “fonte de pulsação” de todo o trabalho que fazemos. A forma como encaramos a criação artística implica que a pesquisa, experimentação e reflexão fazem parte do processo de trabalho que sustentam as obras que são apresentadas ao público.

É, por isso, importante que continuemos permanentemente à procura de ideias e a desenvolver contactos e relações que alicerçam todas as outras actividades. Está também associada às relações que temos com a Universidade NOVA de Lisboa e Universidade de Aveiro, que permitem um enquadramento original e frutífero dos aspectos de investigação, acção e comunicação associados à criação artística. Designamos por Gestação um conjunto de experiências ou atividades exploratórias que nos ajudam a descobrir qual o caminho a seguir numa fase posterior e os processos de reflexão sobre o que criamos ou o que eles permitem observar acerca de questões da Arte e do Desenvolvimento Humano. A Criação reflete a decisão de levar por diante uma ideia que terá sido testada, discutida ou identificada na Gestação; a construção de projectos de colaboração implica actividades iniciais que não devem ser vinculativas porque é importante aferir a viabilidade das ideias e parcerias antes de se estabelecer um compromisso, e a Gestação garante que isso tem um enquadramento adequado; a participação em conferências onde apresentamos o nosso trabalho promove a reflexão sobre o que fazemos e o diálogo com outras formas de fazer e olhar e isso inspira quer a Criação quer a Edição. A Gestação permite a existência de um equilíbrio entre o pensamento divergente que é necessário para inovar e a necessidade de tomar decisões fundamentadas e objectivas a determinada altura. Acreditamos também que contribui de forma decisiva para a credibilidade do trabalho que fazemos e reflete um posicionamento inovador e diferenciador no panorama da criação contemporânea.

Quando promovemos um formato “fora da caixa” em resposta a um desafio de natureza exploratória que nos é proposto por uma entidade externa designamos essa resposta por Outlab. Por exemplo, em 2022 respondemos ao convite da Sonoscopia com um projeto Tuning People Birds and Flowers com o Grupo Operário do Ruído, e ao convite do Eborae Musica com a performance “Dooo Ba Wooo”. Quando, por iniciativa nossa, embarcamos em processos exploratórios que nos dão pistas sobre linguagens expressivas, tecnologias, relações com artistas a explorar no futuro, caminhos possíveis para projetos participativos usamos a designação LabX. Em 2022 os LabX permitiram explorar ideias que permitem aprofundar a relação que temos com o meio académico, nomeadamente com alunos da UA e FCSH, e também com alguns dos municípios com quem queremos aprofundar a nossa relação (Fundão, Marvão, Castelo de Vide).

Uma dessas ideias foi desenvolvida na UA, em colaboração com o DeCA e INET, e permitiu uma “deambulação musical sobre rodas” na Cidade de Aveiro, uma “ação performativa” protagonizada por alunos da Licenciatura em Música (Laboratório de TFM III). Ao longo do segundo semestre de 21-22 a Garagem da UA foi um “laboratório criativo”, tornado possível graças a um conjunto de laços que se desenvolveram com a comunidade, nomeadamente com a Junta de Freguesia e a Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, a Ciclaveiro e a Design Factory. A “deambulação musical sobre rodas” foi um convite a encarar a Música como uma experiência de partilha com o Mundo e com a comunidade, uma deambulação real e metafórica por territórios sonoros e espaços da cidade que se transformam em palcos efémeros.