O caminho da excelência é o da felicidade

Nos últimos 100 anos a humanidade fez uma enorme progressão científica e tecnológica, que possibilitou um grande conhecimento da matéria em geral e do corpo humano em particular. Mas, aparentemente, o encanto pelas descobertas materiais terá levado a um maior enfoque na materialidade, com algum desequilíbrio na postura de um considerável número de seres humanos, muito focados no mundo físico, no ter e no parecer; dando uma importância menor aos valores universais, ao ser, à consciência de si.

Terá havido como que uma embriaguez em torno da exploração material, que criou e desenvolveu desequilíbrios diversos: sociais, ambientais, económicos, financeiros, etc. Vivemos num mundo desequilibrado e todos percebemos a importância de o procurarmos reequilibrar, mas muito pouco tem sido, de facto, feito nesse sentido.

Porém, nas últimas décadas, vários cientistas de universidades norte-americanas e europeias começaram a investigar áreas menos convencionais, como a telepatia, a psicocinese, a precognição, as experiências de quase morte e o relato de supostas vidas passadas. E alguns dos resultados dessas investigações são muito interessantes e suficientemente importantes para que a ciência tenha a obrigação de continuar a investigar nesta área, procurando contribuir para um mais amplo esclarecimento da humanidade, abrangendo, nomeadamente, a área espiritual.

É razoável admitir que alguns dos fenómenos tradicionalmente relatados – e por vezes chamados mitos, mistérios ou milagres -, sejam demonstrados como pura fantasia. Mas também é razoável admitir que alguns dos fenómenos relatados sejam confirmados como verídicos, o que já está a acontecer. E, assim, os seres humanos poderão desenvolver uma perspetiva mais completa da realidade, com uma maior capacidade de realização individual e coletiva; e com uma maior consciência de si, enquanto partícula do Todo Universal, que se sinta verdadeiramente irmanada com as restantes partículas.

Parece então que a ciência poderá contribuir para que os seres humanos vivam num mais elevado nível de consciência, desenvolvendo a sua capacidade para se respeitarem e amarem a si próprios; mas também ao outro, nas suas diversas formas: o outro ser humano, o outro animal, o outro vegetal, o outro mineral. Ou seja, para respeitar tudo e todos; para respeitar a natureza; para respeitar o Todo Universal.

E esse é o caminho do autoaperfeiçoamento. Saber parar. Procurar conhecer-se melhor: Onde estou? De onde venho? Para onde vou, como linha de tendência? E para onde será mais útil ir? Procurar perceber o seu propósito de vida e decidir cumpri-lo. Decidir manter-se atento e disponível para se cumprir.

Guardar para si 10 ou 15 minutos diários, para controlar se está a seguir o caminho que importa, para corrigir o que for necessário, para descobrir o prazer de procurar e de encontrar a melhor versão de si próprio. Para descobrir o profundo prazer do autoaperfeiçoamento. Para descobrir o prazer de sintonizar em crescendo com a harmonia universal.

Quem vai fazendo o percurso do autoaperfeiçoamento vai percebendo que a felicidade não está em correr atrás dela ou em acumular bens materiais; está em realizar coisas bonitas e úteis para si e, sobretudo, para os outros. A felicidade não está tanto em colher, mas muito mais em semear; não está tanto em receber, mas muito mais em dar.

Quem vai fazendo o percurso de verdadeira excelência que é o autoaperfeiçoamento vai sentindo cada vez menos necessidade de se evidenciar, vai-se focando cada vez menos no seu umbigo, no seu ego, vai-se sentindo cada vez menos partícula e cada vez mais parte integrante do Todo. Vai focando a sua atenção nos outros, procurando ser útil aos outros, procurando ser útil a tudo e a todos; procurando ser construtivamente útil ao Todo.

Neste percurso de verdadeira excelência, o ser humano vai percebendo e desenvolvendo a sua capacidade de realização, em termos individuais e em termos coletivos. O pensamento positivo e a atitude construtiva vão-se robustecendo, permitindo o desenvolvimento de um ambiente favorável e um cada vez maior nível de realização verdadeiramente útil.

Quem vai fazendo o percurso de excelência que é o autoaperfeiçoamento, vai sintonizando progressivamente com a harmonia universal que, afinal, está sempre presente. Nós é que vivemos muitas vezes de costas voltadas para ela, ou seja, em desarmonia com os outros e, por vezes, connosco mesmos. Mas o caminho do autoaperfeiçoamento é um caminho de harmonização progressiva.

O ser humano vai sintonizando com a harmonia universal, com a paz universal, com a inteligência universal. O ser humano vai-se sentido cada vez mais em sintonia com a sabedoria universal. E, num plano ainda mais elevado, vai sintonizando com o amor incondicional ou amor universal. Vai sentindo a profunda felicidade de se assumir como uma partícula do amor universal. Vai sendo, cada vez mais, Amor. É Amor.

 

Luís Portela
Presidente da Fundação BIAL