Aguário começou por  ser o nome de uma peça de música-teatral para o “grande palco”: um conjunto de “poemas performativos” onde as múltiplas vozes da água e dos seres que nela habitam se misturam com o piano, a voz humana, o corpo e o movimento, a projeção de imagem e os objectos cénicos. A Água, elemento essencial à vida, bem escasso e cada vez mais importante para a nossa sobrevivência no frágil planeta que habitamos, subiu ao palco, tornou-se “personagem principal”, “matéria artística” que se molda como traço, gesto, som, fluindo no tempo e no espaço. Está na “natureza da água” ligar tudo e todos, tomar várias formas, ser “fonte”, “rios”, “mar” e por isso de Aguário emergiram, pouco tempo depois, outras experiências artística, nomeadamente Opus 9 e Oficinas da Àgua.  Foi assim que nasceu a constelação Aguário, e de Famalicão a Loulé,, Aveiro, Évora, Santarém, Fundão, Paredes de Coura ou Belo Horizonte a sua “voz” foi “correndo” ao longo do tempo.  Ao chegar a Castelo de Vid, a ´água decidiu tomar mais uma forma, a instalação Acuarumori.

Castelo de Vide é um dos municípios com quem celebrámos protocolos de colaboração que nos permitem aprofundar aspectos intrínsecos da filosofia da CMT,, nomeadamente a ideia de arte como ferramenta de desenvolvimento humano (e, portanto, atenta às necessidades de diferentes contextos sociais e comprometida com a descentralização e o acesso alargado à “experiência da arte”); um interesse em desenvolver experiências artísticas que contribuem para uma maior consciência ambiental, para a “escuta” do que nos rodeia (senso lato).. Castelo de Vide tem uma “relação única” com a Água, que se expressa através de marcas profundas na paisagem, na história, na cultura, na vida das pessoas. Nos anos mais recentes, com a criação do Festival da Àgua e do Tempo-Clepsidra, Castelo de Vide colocou a Àgua no roteiro da criação artística, programação cultural e envolvimento da comunidade. A presença da CMT no Festival faz-se, este ano, com três elementos da constelação Aguário: a instalação Acquarumori (uma nova criação), as Oficinas da Agua  e a peça de música-teatral PaPI-Opus 9. As três experiências têm lugar na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Interpretação Garcia de Orta, um espaço simbólico  onde a história das Termas de Castelo de Vide ainda hoje se pode ver, ouvir e imaginar através da fonte que continua a “cantar”.

A instalação Acquarumori é um convite à escuta e ao olhar, à descoberta das múltiplas vozes da água, à sensibilização para a importância da água na vida de todo o Planeta, a começar pelos territórios que nos são mais familiares. O espaço das Termas de Castelo de Vide é o ponto de partida para a criação de uma experiência sónica e visual em que o universo da criação Aguário “dialoga” com as “memórias” das Termas e também com a “escuta performativa” das fontes e outras manifestações da Água em Castelo de Vide. Além de objetos que fazem parte de Aguário / Opus 9, a instalação inclui uma componente audiovisual bastante importante onde os “rumores” de memórias de experiências artísticas se cruzam com os de memórias do território. A instalação é o resultado de uma residência artística que precedeu o início do Festival da Água e do Tempo e de uma evolução que decorrerá durante as Oficinas da Água, uma vez que se pretende que seja também um processo criativo aberto à participação da comunidade.

As Oficinas da Água são um formato aberto baseado na ideia de “residência artística”: um artista multidisciplinar trabalha com um grupo de pessoas e ao longo dum período de tempo definido em conjunto com a entidade de acolhimento, explorando ferramentas e territórios expressivos que têm por base a peça Aguário. Nas Oficinas da Água concertam-se ideias e linguagens artísticas (música, imagem, movimento) para abordar de forma poética a “matéria” sem a qual a vida, como a conhecemos, não é possível. A água é parte de nós e é um bem cada vez mais escasso e precioso. Trabalhar a água como matéria artística é não só um ponto de partida para o desenvolvimento da expressão e criatividade mas também uma forma de consciencializar para a importância de cuidarmos uns dos outros e do Planeta que é a nossa casa.

PaPI-Opus 9 é uma viagem pelo mundo da água. Construída a partir da peça-mãe Aguário, PaPI-Opus 9 é uma experiência para bebés e crianças pequenas num formato de grande intimidade que estimula a escuta atenta e a interação. A água, o elemento fundamental do cenário, é abordada como matéria artística e lúdica que se pode moldar como traço, gesto, som, fluindo no tempo e no espaço. A sonoridade da manipulação dos elementos cénicos cruza-se com paisagens sonoras imaginárias construídas com sons gravados; os pingos da chuva, ondas do mar, fontes e rios, baleias e icebergs fazem parte duma linguagem universal de que a voz e o movimento também fazem parte. Conversas em “agualim”, um dos dialetos da música cujo dicionário está por fazer e ainda bem.

— Inscrições e Informações adicionais no Posto de Turismo da Câmara Municipal de Castelo de Vide