Em Vila Nova de Famalicão as árvores que tombaram num Inverno renasceram transformadas pela Música. Afinámos os nossos sentidos pela reverberação do Parque da Devesa e desse trabalho resultou a escultura sonora Metamorfose, uma proposta artística que pretende possibilitar um diálogo sonoro e visual.
Entre pessoas e com o Parque. Metamorfose procura abordar de forma poética, prática e “pessoalizada” no Parque, o processo de mutação constante que acontece aos elementos vivos, ao longo das várias escalas do tempo. O conceito tem como base a transformação das árvores mortas fazendo-as “renascer” sob a forma dum conjunto escultórico que combina a madeira dos troncos com campânulas metálicas de vários tamanhos. A possibilidade de circulação das pessoas por entre os objetos convida à interação informal, numa espécie de passeio ou deambular, mas as relações espaciais entre as peças permitem também fazer música em conjunto.
A memória, inscrita nos anéis da árvore, é o suporte para um exercício de imaginação com múltiplas leituras contemplativas mas que tem o objetivo tangível de permitir a expressão e criação sonora/musical com um conjunto de sons complexo-alguns de alturas bem definidas, outros com padrões de ressonância semelhantes a gongos e sinos- mas que privilegiam, acima de tudo, o diálogo com a paisagem sonora. Em Março de 2017 fizemos a Saudação da Primavera inaugurando o conjunto escultórico que murmura o canto das árvores, celebra a mutação dos elementos e a afinação do Mundo. Primavera: os pássaros florescem, as árvores cantam. Desde então a Metamorfose tem sido também palco do “workshop” Murmúrio das Árvores.