A constelação DBW começou por ser uma das mais pequenas do Universo-CMT. Era formada por dois “corpos” apenas: o espetáculo Dooo Ba Wooo e o CD DBW#25. Mas, mesmo então, talvez fosse já uma das maiores, uma vez que ambos  resultam de uma leitura abrangente e aberta de toda a criação da Companhia de Música Teatral (CMT).

Dooo Ba Wooo é um espetáculo de memórias de caracóis, tartarugas, girassóis, baleias, pássaros e muitas outras músicas, saídas do baú da CMT. Ao longo de 25 anos, temos vindo a desenvolver projetos artísticos para bebés que contribuíram  de forma definitiva para a consciência de que as experiências musicais nas idades mais precoces podem contribuir para o desenvolvimento intelectual e afetivo do ser humano. Bebé Babá, Andakibebé, Bebé Plim Plim, Babelim, Bichofonia ou os vários PaPIs deram origem a canções, cantos rítmicos, pequenas histórias, adivinhas, movimentos, que fizeram parte de livros, CDs e espectáculos. Em Dooo Ba Wooo faz-se uma viagem com pais e bebés através dessas memórias, ao sabor do improviso e do brincar.

Ao aprendermos a construir experiências artísticas para os mais pequeninos aprendemos também que o envolvimento dos adultos é uma parte muito importante duma experiência plena. E talvez a “estética global” da CMT reflita esse percurso, mesmo quando abordamos ideias, matérias e públicos muito distintos. O repertório da CMT é muito abrangente e verificámos, ao longo de vários anos, que projetos que tínhamos inicialmente concebido para pessoas mais crescidas podiam ser revisitados e continuar a nutrir o espanto de todos. Com o CD DBW#25, que faz parte da mesma constelação, talvez tenhamos levado ainda mas longe o que tínhamos vislumbrado em Ornitópera ou A Liberdade a Passar Por Aqui: a possibilidade de criar territórios de múltiplas leituras, de partilha do espaço e do tempo, pequenos universos frágeis e efémeros, tecidos de sons. Podemos chamar-lhe “intersubjectividade” ou simplesmente aceitar que ainda sabemos muito pouco sobre quem somos e que é experimentando que vamos descobrindo que a Música é um universo infinito.

Após o lançamento de DBW#25, no XIV Encontro Internacional Arte Para a Infância e Desenvolvimento Social e Humano na Fundação Calouste Gulbenkian percebemos que a experiência excecional que aí teve lugar deveria ser reproduzida de forma regular e isso levou-nos a criar a ação de mediação Visita Guiada a DBW#25: um diálogo vivo, com “motivos” e “interpelações” que servem de mote para uma escuta atenta e comentada, uma “deambulação” através da música, da poesia e das histórias que o CD convida a partilhar.