O Projeto Opus Tutti foi uma iniciativa da CMT e do LAMCI, financiada pelo Serviço de Educação da Fundação Gulbenkian. O projeto visou a criação de métodos para melhorar o desenvolvimento humano integral através das artes na primeira infância.

Conceber e experimentar modelos de intervenção na comunidade dentro de uma perspetiva ampla, promovendo a discussão e reflexão, o desenvolvimento de boas práticas que podem ser recomendadas a agentes educativos e comunitários, artistas e educadores, criando experiências artísticas inovadoras e desenvolvendo discursos artísticos com base no princípio de partilha de linguagens artísticas e processos criativos, oferecendo oportunidades reais para o envolvimento da comunidade e agir num contexto específico de forma sistémica, foram alguns dos aspetos envolvidos no projeto. Opus Tutti foi desenvolvido entre 2011 e 2014, com quatro fases, Germinar, Enraizar, Crescer, Frutificar, cujas designações evocam as fases dum processo de desenvolvimento orgânico, procurando comunicar a ideia de que o projeto seria, em si, um processo de desenvolvimento com fases sequenciais e um sentido de direção, mas também com uma natureza orgânica e a capacidade de reagir e adaptar-se às circunstâncias, resultados e pessoas. O projeto não foi puramente académico, nem educativo, artístico ou social. Envolveu aspetos e abordagens de todas essas áreas e não foi, também, um projeto apenas pensado para as crianças. De facto, com o tempo, o projeto tornou-se verdadeiramente intergeracional. A abordagem sistémica foi uma perspetiva muito influente e esta é uma das razões que explicam que um projeto relativo à primeira infância tenha incluído iniciativas dirigidas a adultos e crianças mais velhas.

Tendo esse modelo teórico em mente, as crianças foram olhadas como elementos pertencentes a diferentes sistemas – a família nuclear, a família extensa, bem como a instituição de cuidados de berçário – que também pertencem a sistemas da comunidade.

Assim, foram planeadas iniciativas directamente dirigidas a crianças mas também outras que ampliam a ação para outros componentes do sistema que podem beneficiá-las indiretamente.

Algumas das iniciativas mais marcantes de Opus Tutti foram os “workshops” Ludofónica Experimental, Afinação do Olhar, Afinação do Ouvir, Afinação do Brincar, Brincar a Compor que estiveram na base da criação das “performances” participativas Um Plácido Domingo1), Babelim e Jardim Interior, as residências criativas e formação Arte da Lúdica que serviram de ponto de partida para o Peça a Peça Itinerante, (PaPI) um conjunto de pequenas peças músico-teatrais concebidas para circular por creches e jardins de infância. O Centro Infantil Roseiral foi a creche escolhida para a implementação de estudos-piloto e serviu de base experimental para o desenvolvimento das ideias do Projeto Opus Tutti. A comunidade do Roseiral participou nas várias iniciativas do Projeto e recebeu o Creche & Apareche, sessões semanais de música alicerçadas nos princípios da Teoria da Aprendizagem Musical de E. Gordon, nas experiências do LAMCI e da CMT e nas ideias e materiais que foram sendo construídas em “workshops”, residências criativas, atividades de formação e experiências artísticas de Opus Tutti. O projeto permitiu criar o Encontro Internacional Arte Para a Infância e Desenvolvimento Social e Humano, uma iniciativa que passou a ser uma das atividades regulares da CMT. No final de Opus Tutti os resultados e reflexões sobre o projeto foram apresentados sob a forma de exposição interactiva “Inventário dos Frutos” e deram origem às publicações Ecos de Opus Tutti e Manual Para a Construção de Jardins Interiores, editados pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Mais informações em opustutti.com