Em Loulé o Pianoscópio foi laboratório, fábrica, viagem e casa. Vibrou, cantou, fez-se ver e ouvir, tocou e foi tocado. O convento de Sto. António, um espaço lindíssimo onde coabitam a memória das pedras e o branco que o Pianoscópio pintou de sombras, foi mar, céu, baleia, pássaro, máquina, nuvem, gemido, canção, riso, interrogação, sino, pulsação.  O Som Riscado – Festival de Música e Imagem de Loulé é um caso exemplar de programação cuidada, simultaneamente coerente, arrojada e eclética, em profunda conexão com um público variado e interessado. Muitas perguntas: com palavras, com as mãos e com os ouvidos. Não passa despercebida a forma como este público (adultos, crianças, famílias, escolas) é “nutrido” pela equipa do Cine-Teatro Louletano: há calor e luz e uma convicção profunda de que a arte importa. A CMT tem com Loulé uma relação consolidada ao longo dos anos mais recentes, sobretudo através de projectos dirigidos à infância e formação. O Som Riscado era uma circunstância muito distinta das anteriores e foi um verdadeiro prazer partilhar outras ideias, abrir outras janelas. Numa conversa pública no primeiro dia do festival ouvimos a expressão “responsabilidade cultural”. Nos dias seguintes vimos de que forma isso se traduziu no festival como um todo e no nosso trabalho em particular. Foi um prazer. Obrigado.

Fotos: Jorge Gomes/CML