A Canção da Terra é uma obra de raiz musical que deambula pelos territórios da imagem, movimento, palavra e vários outros.
À semelhança do que aconteceu com criações recentes da Companhia de Música Teatral (CMT), como Aguário e O Céu Por Cima de Cá, foi pensada para o “grande-palco” e para um público que começa a partir das crianças com 6 anos de idade, mas que se pretende o mais eclético possível, não só porque o desafio de criar múltiplas leituras nos interessa particularmente, mas também porque “ouvir” a Terra é um assunto que diz respeito a todos.
O ponto de partida do processo criativo é a ideia de que o Planeta Terra tem uma “voz” que se expressa de diferentes maneiras, e que é muito importante escutar. Em A Canção da Terra exploram-se mitos, poesia, factos científicos e históricos, paisagens sonoras e, obviamente, as referências históricas implícitas no título (A Canção da Terra de Mahler ou do filme de Jorge Brum do Canto, entre outros). Há uma clara intenção de continuar a trabalhar na “afinação de pessoas, pássaros e flores”, isto é, de trazer para o discurso artístico uma preocupação com a nossa relação com o Mundo que habitamos e que queremos que continue a ser a nossa Casa. Desde NOAH, senão antes, procuramos que os nossos projetos despertem essa consciência. Escutar a voz da Terra é dever de todos.
À semelhança do que acontece noutros projetos da CMT, a apresentação de A Canção da Terra pode ser complementada por um conjunto de experiências que permitem expandir e aprofundar a viagem artística que acontece no palco principal. A ideia de “constelação artístico-educativa” é estruturante na organização do trabalho da CMT e consiste num conjunto de “corpos” de natureza diferente, interagindo entre si através de “campos” de natureza estética ou conceptual.
O Primeiro Prelúdio Para Uma Canção da Terra é uma conferência onde se contextualiza o espetáculo dentro do percurso artístico da CMT e onde se revelam aspetos do processo criativo e algumas das referências que estiveram na sua origem, bem como questões mais gerais sobre a filosofia da CMT ou a forma como encara o “ofício de criar”. Dirige-se a jovens e adultos, professores, educadores, artistas, alunos do ensino secundário e superior.
A ação de mediação Segundo Prelúdio Para Uma Canção da Terra dirige-se ao público escolar. Pode decorrer na escola ou na sala de espetáculo e ser preparada para qualquer grau de ensino (a partir do 1º Ciclo). A Canção da Terra tem múltiplas leituras e o processo criativo foi particularmente interessante. Deixa inúmeras pistas para o trabalho de várias disciplinas na escola (não só as da área artística e tecnológica mas também na ecologia, biologia, história, cidadania, etc.). A ação de mediação procura criar a possibilidade de um diálogo muito próximo e é uma forma pragmática de promover o contacto dos alunos com os intérpretes e a criação antes do espetáculo. Não tem a intenção de “explicar”, mas sim cativar e partilhar, criar uma “escuta” mais atenta. Pretende-se criar uma relação entre um artista/uma turma, ou seja, que cada turma possa conhecer a “visão” de um artista sobre o que é o espetáculo. Cada intérprete promove essa experiência em “modo personagem”, fazendo a sua própria “apresentação” de cerca de 30 min e estabelecendo um diálogo direto com alunos e professores. Pretende-se criar uma “relação pessoal” que certamente poderá ser seguida de um novo contacto no final do espetáculo.
O Terceiro Prelúdio Para Uma Canção da Terra é um objeto-instalação que emerge a partir do universo cénico e musical do espetáculo. Uma antecipação, noutros casos uma memória, um eco do que acontece no palco, num registo poético e minimal. Um convite à escuta, à criação de uma “relação” que evoca a fragilidade do que nos rodeia. Foi pensado para espaços como o hall de entrada da sala de espetáculos onde decorre a apresentação principal.