A Companhia de Música Teatral tem desenvolvido um modelo de trabalho que designa como “criação de constelações artístico-educativas”. Através da construção de diferentes relações com a música (ouvir, fazer, criar, saber) e da exploração de diferentes recursos sonoros e artísticos, vão nascendo novas formas de envolver diversos tipos de públicos. PaPI (Peça a Peça Itinerante) é uma dessas constelações, nela se cruzando intenções de carácter artístico, educativo e social. Para que a harmonia e o desenho de comunicar habitem o espaço da infância desde muito cedo.

PaPI (Peça a Peça Itinerante) é um conjunto de pequenas peças músico-teatrais concebidas em residências artísticas multidisciplinares e intergeracionais realizadas na Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito do projeto Opus Tutti.

Os PaPIs resultam de um cuidadoso processo de estudo e reflexão visando a criação de boas práticas de carácter artístico dirigidas à primeira infância. São peças apresentadas por artistas versáteis, especificamente formados para desenvolver a sua ação artística – baseada em música, dança e teatro – a partir de um contacto humano de grande genuinidade, alicerçado na ideia de que arte e ludicidade partilham territórios comuns.

A ideia é contribuir para que a relação entre instituições culturais e as comunidades se construa de forma cada vez mais próxima, fazendo com que os mais pequeninos possam partilhar estes momentos importantes das suas vidas, ora com as suas educadoras e auxiliares de educação, ora com as suas famílias. Os primeiros resultados deste trabalho foram apresentados em 2012, no II Colóquio Internacional de Arte para a Infância e Desenvolvimento Social e Humano. Posteriormente, cada uma das peças seguiu o seu processo de apuramento, envolvendo a experimentação direta com crianças, nomeadamente no Centro Infantil O Roseiral ou em sessões de Música de Colo no Laboratório de Música e Comunicação na Infância do CESEM (FCSH-UNL).

Os PaPIs foram especificamente desenhados para poderem circular com facilidade entre uma grande variedade de equipamentos culturais, teatros, creches e jardins de infância.

No ano Frutificar de Opus Tutti, estas peças começaram a ser levadas a várias creches e jardins de infância da área de Lisboa com o apoio da FCG. Paralelamente, o modelo de itinerância que se concebeu tem permitido que outros agentes culturais e educativos se associem ao projeto e colham os frutos do seu impacto.

Deste modo, os PaPIs têm sido também apresentados em instituições culturais e ao mesmo tempo levados a creches e jardins de infância da sua área de intervenção. Para que se possa chegar a mais crianças, mais famílias, mais profissionais, mais lugares e contribuir para tecer relações usando os fios da arte. Visando promover a interação entre adultos e crianças através de uma primeira sensibilização às artes, estas peças estão também associadas a diferentes ambientes sonoros/universos plásticos.

No final das apresentações, pais, educadores, auxiliares e crianças são convidados a brincar, explorando sonoridades, cores e formas presentes em cada peça. Para que no espaço, fiquem a harmonia e o desejo de comunicar.