Quando a maioria das pessoas olha para o oceano, tudo o que vê é a sua superfície. No entanto, o oceano tem uma profundidade média de 4 200 metros e os processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem no oceano profundo (a partir dos 200m) são críticos para a vida na Terra.

O objetivo do projeto Deep Listening Deep Sea(ing) (DLDS) é criar experiências artísticas que contribuam para a consciência da importância do oceano profundo. O projeto convidará adolescentes a criar “postais audiovisuais” e “bandas sonoras” para imagens / filmes do oceano profundo fornecidas pela Universidade de Bergen e pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental. “Imaginar” as paisagens sonoras de um universo pouco conhecido é um desafio fascinante e os resultados serão apresentados publicamente em apresentações finais que também contarão com palestras científicas.

O Pianoscópio (PNSCP) é a “fábrica do som” que utilizaremos para criar recursos sonoros originais em residências artísticas e workshops na Academia Internacional para a Música Artes e Ciências em Marvão (AIMAC, onde o PNSCP está agora em exibição), envolvendo artistas da CMT, adolescentes e público em geral, que permitirão a criação de um “vocabulário sonoro” que será disponibilizado numa “biblioteca” aberta. Este material sonoro será posteriormente utilizado na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro em workshops dirigidos a adolescentes com o objetivo de criar “postais sonoros” e/ou sonorizar vídeos do oceano profundo.

Vários projetos CMT abordam a necessidade de “sintonizar” as pessoas com o mundo frágil em que vivemos: Missão Mar Profundo (2015); NOAH (2017); Murmuratorium (2019) ou Mil Pássaros (2020, parte de Lisboa Capital Verde Europeia 2020) são exemplos daquilo que temos designado de “afinação de pessoas, pássaros e flores”.

Poucos sabem o que é oceano profundo e a maioria das pessoas desconhece a sua importância para a nossa sobrevivência no Planeta. Os avanços em submersíveis oceânicos, a captura de imagens e as tecnologias de amostragem estão a revelar novos ecossistemas, tais como recifes de coral de águas frias e comunidades vibrantes baseadas em torno de produtos químicos que jorram da crosta terrestre, bem como toda uma série de organismos de aspeto alienígena. Incríveis descobertas biológicas foram feitas nos últimos 40 anos, mas ainda não chegaram aos manuais escolares. E todo esse património está ameaçado pelos mesmos danos que temos causado nas águas costeiras (pesca excessiva, derrames de petróleo, acumulação de plástico, poluição química e sonora) a que se acresce os que resultam da corrida aos recursos que o fundo do oceano contém.

Deep Listening Deep Sea(ing) surge em resposta a um desafio para aumentar a literacia do oceano. Queremos chamar a atenção para o oceano profundo, por ser mais vasto, mais desconhecido e de importância extrema para a vida na terra. O projeto é financiado pelos EEA Grants*, no âmbito do Programa Crescimento Azul operado pela Direção Geral de Política do Mar,  e envolve a colaboração da Companhia de Música Teatral com a Academia Internacional para a Música Artes e Ciências em Marvão, a Fábrica Fábrica Centro de Ciência Viva de Aveiro, a Universidade de Bergen, a Universidade de Aveiro e conta com o apoio da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental.

*Através do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu (EEE), a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega são parceiros no mercado interno com os Estados-Membros da União Europeia.
Como forma de promover um contínuo e equilibrado reforço das relações económicas e comerciais, as partes do Acordo do EEE estabeleceram um Mecanismo Financeiro plurianual, conhecido como EEA Grants.
Os EEA Grants têm como objetivos reduzir as disparidades sociais e económicas na Europa e reforçar as relações bilaterais entre estes três países e os países beneficiários.

 

Autoria das imagens:
1. Cedido pela Universidade de Bergen (UiB, Noruega) / projeto H2020 SponGES.
2. Cedido pela EMEPC/ROV Luso.
3. Paisagens imaginárias (Mafalda Maia)